Gestão da pecuária com foco no manejo das pastagens.
Observa-se um aumento generalizado de custos na pecuária – fertilizantes, combustíveis, insumos de nutrição, sais minerais –, impondo-se uma pergunta: como cortar as despesas sem sacrificar a produção?
Alguns optam por diminuir a quantidade de insumos utilizados, outros ajustam o número de animais, vendendo fêmeas ou animais jovens, etc.
Não é tarefa fácil definir prioridades ao gerenciar os custos, já que a produção está sempre relacionada com o grau de investimento. Do corte de despesas para uma queda na produção não são precisos muitos passos.
Sugiro, no entanto, outro olhar gerencial. Não apenas analisar “o que cortar”, mas “como fazemos”. Não apenas ver os “itens”, mas o “modo” como trabalhamos.
Nessa perspectiva, um importante aliado na lucratividade do negócio pode ser a escolha adequada do método de pastejo, p. ex. a implantação da “Permanência fixa dos animais na pastagem”.
Os diferentes métodos de manejo de pastagens podem ser agrupados em três principais alternativas com suas variantes: Rotacionado – convencional, em faixa ou com 2 grupos de animais; Diferido – quando a pastagem é deixada em descanso, sem animais, por algum período de tempo para que haja acúmulo de forragem para o uso posterior; e o Contínuo – que prefiro denominá-lo “Permanência fixa dos animais na pastagem”. .
É preciso não confundir “pastejo contínuo” com “extensivismo”. A maioria dos pecuaristas pensa que fazer pastejo contínuo é colocar um grupo de animais numa área e largá-los lá, sem monitoramento, sem meta nenhuma. Isso, na verdade, é ausência de método, é puro extrativismo dos recursos naturais disponíveis, como bem disse o Prof. Sila Carneiro Filho (ESALQ) em entrevista à jornalista Maristela Franco (2008).
Esse método de “colheita” de forragem exige uma avaliação realista da capacidade de cada pasto na produção anual de matéria seca (MS), já que não existe “colheita contínua” de forragem por parte dos animais, o que existe é “presença contínua” deles na área. Um perfilho (unidade básica de crescimento da planta) somente é visitado a cada 30 dias nesse método de pastejo, devido ao correto ajuste da pressão de pastejo – número de animais (kg de Peso Vivo) por unidade (kg) de forragem disponível, Mott (1960), – proporcionado pelo ajuste da taxa anual de lotação por hectare (UA/ha).
Alguns benefícios desse método:
1. Maior desempenho zootécnico dos animais proporcionado pela maior oportunidade de pastejo seletivo e conseqüente ingestão de uma dieta de melhor qualidade. Segundo Walker (1995), a seleção da dieta é a chave do processo que influencia o “status” nutricional do animal. Isto reforça a importância da seletividade para o desempenho animal.
2. Maior saldo de energia disponível para produção, devido a menor demanda da energia consumida diariamente, para mantença corporal, proporcionada por um menor tempo de pastejo (TP), maior facilidade de preensão da forrageira e o conforto animal.
3. Menor demanda por fertilizantes e insumos, devido à utilização sustentável das pastagens.
4. Maior lucratividade proporcionada pela otimização da utilização de insumos por arrobas produzidas.
O aumento de produção é devido ao:
Aumento de até 15% de vacas prenhes na Estação de Monta.
Aumento de10 a15% no peso de desmama.
Maior eficiência na relação peso da vaca x peso do bezerro a desmama.
Aumento do percentual de animais na cabeceira de desmama.
Aumento de até 30% no ganho médio diário de peso dos animais em recria no período de outubro a abril no Brasil Central.
Melhor Escore Corporal das vacas em produção.
Possibilidades de descarte de vacas sem necessidade do período de engorda por estarem com uma deposição de gordura suficiente para o abate.
Menor gasto direto por unidade animal (UA)
Maior margem líquida nas arrobas vendidas por incorporar menor custo total.
É bem certo que teremos muitas incertezas pela frente para os próximos anos, mas como sempre a receita requer: conhecimento e foco na objetividade.
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